Tnfectada pela mãe, a criança de dois anos ficou em tratamento por um ano e meio, foi medicada com antirretrovirais e não apresenta mais sinais do vírus no organismo
Uma equipe médica dos Estados Unidos anunciou que, pela primeira vez na história, conseguiu curar uma criança de dois anos com HIV, transmitido pela mãe soropositiva. De acordo com os especialistas, trata-se de eliminação viral. A criança ficou em tratamento por um ano e meio, foi medicada com antirretrovirais e não apresenta mais sinais do vírus da aids no organismo.
Para os pesquisadores, o tratamento precoce explica a "cura funcional", quando a presença do vírus é tão mínima que ele se mantém indetectável pelos testes clínicos padrões. O caso foi apresentado durante a 20ª Conferência Anual sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (Croi), em Atlanta, na Geórgia.
Infectado pela mãe, que durante a gravidez não tomou os medicamentos que poderiam ter evitado a transmissão do vírus, o bebê - uma menina nascida no Mississipi no final de 2010 - passou a receber um tratamento agressivo de antirretrovirais após 30 horas de seu nascimento, algo que não é habitual, informou neste domingo o jornal New York Times em sua edição online.
A médica Deborah Persaud, do Centro Infantil Johns Hopkins, do Hospital Universitário de Baltimore (Maryland, nos Estados Unidos), principal autora do estudo, disse que é fundamental que a terapia com antirretrovirais seja introduzida o mais cedo possível para impedir o avanço desses estoques escondidos.
Apesar da necessidade de colher mais provas para comprovar se o tratamento em questão funciona em outras crianças, os pesquisadores acreditam que o HIV em bebês pode ter cura e, por isso, antecipam que esse estudo poderá mudar a forma de tratar os recém-nascidos e as mães infectadas no mundo todo.
A única cura completa de pessoa contaminada com o vírus HIV, que foi oficialmente reconhecida, é a do norte-americano Timothy Brown, conhecido como o paciente de Berlim. Ele foi declarado curado depois de um transplante de medula óssea de um doador que tinha uma mutação genética rara, que impedia o vírus de penetrar nas células. O transplante foi concebido para tratar a leucemia.